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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Besame mucho!


BESAME MUCHO A peça retrata a amizade fraternal de dois rapazes por mais de três décadas. É escrita de trás para frente, iniciando por um final trágico, em 1982, e terminando pelo início, em um baile de formatura, em l962, numa cidade do interior, ou seja, a trama se desenvolve quando os anos dourados também são de chumbo, mas, mais do que isso, reflete, além da repressão da ditadura, as repressões sexuais devido aos ensinamentos religiosos. As cidades do interior eram filiais do Vaticano. A maioria dos colégios era de religiosos e tudo era pecado. Os amigos são Xico e Tuca, que namoram Olga e Dina. O próprio Mário Prata informa que se trata de uma história de amor entre quatro pessoas, sem as quatro paredes. O jogo é aberto. Assim, o palco é, muitas vezes, dividido em dois planos. Xico se torna escritor e casa com Olga, que é intelectual. Tuca permanece no interior e casa com Dina. O primeiro casal vive um drama de criatividade. Ele é o escritor, mas ela, socióloga, é quem escreve para ele. Dina, em virtude da repressão sexual exercida pelas freiras, revela-se fria, não consegue ter orgasmo, até que, fantasiando, se veste de Marilyn Monroe, quando explode de prazer e, daí para frente, o casal passa a fantasiar cada vez mais. Transformam-se em outras pessoas, como um mendigo, um chofer, etc., vestindo-se e falando como estes. Uma curiosidade: os contra-regras também representam ao mudar o cenário, são chamados de ele e ela, um bolinando o outro na penumbra entre atos. É uma peça dentro da peça. Como disse, a tragicomédia começa pelo fim, que não vou revelar, para não irritar o possível espectador ou leitor, mas posso revelar o fim, que é o início romântico da amizade/amor entre Xico e Tuca. Não um amor homossexual, mas, nas palavras do próprio autor, um homotermurismo: ternura entre pessoas do mesmo sexo, palavra que ele espera entrar um dia para o dicionário do Aurélio.Tudo ao som do Besame mucho.

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