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quinta-feira, 3 de março de 2011

Plácio Monroe. Porque foi demolido.
















Por que foi demolido?





Já se passaram trinta anos desde a sua demolição, mas o Palácio Monroe continua despertando polêmica. O Ex prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, aventou a hipótese de reconstruí-lo. E muitos concordam com ele. O Palácio Monroe foi projetado pelo general Francisco Souza Aguiar para a Exposição Internacional de Saint Louis, em 1904. Seu projeto foi premiado. Era a primeira vez que uma obra da arquitetura brasileira era reconhecida internacionalmente. 

Terminada a exposição, o Palácio foi reconstruído no Rio de Janeiro, sendo este o primeiro edifício oficial inaugurado na Avenida Central, em 1906. 


O nome foi uma homenagem ao Presidente americano James Monroe, por sugestão do Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores. Monroe foi o criador do Pan-Americanismo e, naquele local, realizou-se a "Terceira Conferência Pan-Americana".

Até 1914 o magnífico palácio continuou sendo usado como pavilhão de exposições.

Após algumas reformas passa a abrigar a Câmara de Deputados, que ali permanece até 1922.

De 1925 a 1930 é ocupado pelo Senado Federal. A "Revolução de 30" dissolveu o Senado, encerrando um ciclo.



"Por volta de 1970 tem, junto com outros edifícios da Avenida Rio Branco, o pedido de tombamento federal negado pelo IPHAN, conseguindo-o apenas no âmbito estadual. 

A falta do aval federal para sua preservação levaria a uma verdadeira batalha em 1976. 

Com as obras do metrô, é pedida sua demolição, apoiada por baluartes da arquitetura moderna como Lúcio Costa, e pelo Jornal "O GLOBO", que o atacava veementemente através de editoriais. 

Por outro lado, o IAB e o Clube de Engenharia, através do Jornal do Brasil, tentavam de todas as maneiras preservar o edifício. Contudo, nem mesmo alterações no traçado do metrô foram suficientes para salvar o Palácio, que viria a ser demolido no mesmo ano." 

Construído em 1904 para ser o "Pavilhão do Brasil" na Exposição de Saint Louis, de 30 de abril a 1º de dezembro de 1904 (comemoração do centenário de integração do Estado de Louisiana aos EUA), durante o regime republicano do Presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves, com o intuito de firmar o Brasil perante a situação mundial que vivia a euforia da "Belle Époque".

O autor, Coronel e Engenheiro Francisco Marcelino de Souza Aguiar, desenhou o palácio usando uma estrutura metálica, capaz de ser totalmente desmontada e re-aproveitada no Brasil, conforme determinação do Aviso nº 148 de 03/07/1903, cláusula 1ª: "Na construção do Pavilhão se terá em vista aproveitar toda a estrutura, de modo a poder-se reconstruí-lo nesta capital".

A imprensa americana não poupou elogios, destacando o "Pavilhão do Brasil" pela beleza, harmonia das linhas e qualidade do espaço, condecorando-o com o maior prêmio de arquitetura da época: "Grande Prêmio Medalha de Ouro".

Os elementos de composição inscrevem-se na linguagem geral do ecletismo, num estilo híbrido, caracterizado por uma combinação liberal de diversas origens que marcou uma época de transição na arquitetura. Rompendo o Brasil com os laços tradicionais da arquitetura de Portugal e descobrindo novas tendências.

Em 1906, foi remontado no Brasil, com 1700 m² de área construída, para sediar a "3ª Conferência Pan-Americana".

A demolição

O início da campanha para a demolição do Palácio Monroe foi detonado em 04/07/1974, pelo jornal "O Globo", justificando atrapalhar o trânsito e a construção do metrô, qualificando-o como uma mera cópia, desprovido de qualquer valor artístico. Começa a elencar pareceres favoráveis à demolição.

O Palácio, que fora motivo de orgulho nacional, passa a ser chamado de monstrengo do passeio público, sem importância histórica. O local passa a ser especulado pela iniciativa privada para a construção de um edifício garagem, mas a proposta de uma grande praça para a estação do metrô da Cinelândia, rodeada de áreas verdes, ganha adeptos.

O Senador Magalhães Pinto, Presidente do Senado, pressionado pela opinião pública e pelos ataques do jornal "O Globo", dispõe-se a desocupar definitivamente o prédio.

Em 11 de outubro de 1975, o Presidente Ernesto Geisel autorizou o Patrimônio da União a providenciar a demolição do Palácio Monroe.

Datas Importantes 

23/07/1906 - Inaugurado no Rio de Janeiro para a "3ª Conferência Pan-Americana" - O orador, Barão do Rio Branco, batiza o então "Pavilhão do Brasil" como "Palácio Monroe", em homenagem ao Presidente dos EUA. 

Agosto, 1909 - Serve de sede para o "4º Congresso Médico Latino Americano - Exposição Internacional de Higiene. 

1910 - É palco de várias reuniões e banquetes oficiais. 

1911 - Utilizado como sede do Ministério da Viação. 

1912 - Acolhe o "Congresso Internacional de Jurisconsultos". 

1914 - Sede da Câmara dos Deputados. 

1920 - Sessão Solene - Visita do Rei Alberto da Bélgica. 

1921 - Convenção Nacional. 

1922 - Comissão Executiva - Centenário da Independência. 

1925 - Sede do Senado Federal. 

1960 - Estado Maior das Forças Armadas. 


UM POUCO DE HISTÓRIA - A CONSTRUÇÃO DO METRÔ

André Decourt



Podemos ver o traçado em curva do metrô contornando o Palácio Monroe. 

O metrô fez uma curva de alta complexidade, colocou equipes dedicadas exclusivamente para zelar pela estabilidade do prédio, sendo seus pinos conferidos pelo menos duas vezes ao dia.

Ontem, na abertura da exposição que acontece na Estação Siqueira Campos, num bate papo informal, ouvi de uma engenheira do Metrô: “Espero que todo Carioca, ao passar pelo lugar e sentir uma leve curva, se lembre de todo nosso esforço para fazê-la e de nossa frustração por ser em vão”.

E o palácio foi ao chão pela vingança de um general presidente .

O Monroe foi o pavilhão Brasileiro na exposição Internacional de St. Louis, nos EUA, em 1899. Foi projetado por Francisco Marcelino Souza Aguiar, usando-se estrutura metálica, com capa de concreto, uma grande novidade na época. 

O estilo do pavilhão, com suas 3 cúpulas fez grande sucesso na exposição, maravilhando a imprensa americana presente. O resultado é que ganhou a medalha de ouro de melhor pavilhão.


Foi remontado aqui no Brasil em 1904-6, inicialmente abrigando a Convenção Sul-americana, Câmara dos Deputados e finalmente o Senado. Não foi tombado sabe-se lá por que, e demolido por vingança de um general, Ernesto Geisel, o qual cultivava um ferrenho ódio contra um colega de farda que tinha sido preferido em uma promoção. O outro general tinha o sobrenome Souza Aguiar e era filho do projetista do palácio.



Como agora ele tinha o poder, podia se vingar, demolindo uma das obras mais emblemáticas do pai do seu desafeto. 



E teve a chancela de Lúcio Costa, a qual vários arquitetos nunca perdoaram. Ele chegou a passar listinhas nas associações de arquitetos para assinar, dando justificativas para a sua demolição, o que causou um grande mal estar no meio à época. O dr. Roberto Marinho também apoiava sua demolição. Estiveram contra, o IAB, o Jornal do Brasil e quase todos os Cariocas, que não foram ouvidos, aliás como hoje, os Cariocas continuam não sendo ouvidos....





O QUE DIZ O METRO?


Toda vez que se fala no Palácio Monroe o Metrô é citado. A idéia que ficou na memória das pessoas, e faz parte inclusive de publicações, é que a demolição do Palácio foi motivada pela passagem do metrô pela Cinelândia.

Puro engano, pelo contrário, o objetivo sempre foi o de um grande esforço para preservá-lo. 

A construção do trecho foi executada na primeira metade dos anos 70 e concluída no início de 1976. Houve por parte da então Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro o cuidado de preservar edificações históricas que se localizavam próximas à diretriz do traçado, como o Teatro Municipal e a Câmara Municipal. 

No caso do Palácio Monroe, a situação era ainda mais crítica, pois sua localização interferia diretamente com a diretriz do traçado ideal. 

A solução foi desviar levemente esta diretriz a fim de poupar a edificação, sem entretanto sacrificar a geometria da curva do traçado.

Como a distância entre a galeria e as fundações do prédio seria reduzida, cerca de 5 metros, e considerando que pela natureza do subsolo e características da construção não se poderia admitir abatimentos no terreno que resultassem em recalques no prédio, executou-se além de um rigoroso controle destes recalques, um custoso tratamento do terreno, sob os blocos de sua fundação, com injeções de calda de cimento e de silicato, de modo a melhorar seus parâmetros. 

Até as estroncas metálicas de escoramento da vala foram protegidas com isopor de modo a protegê-las de possíveis deslocamentos devido ao gradiente térmico ocorrido, principalmente no verão. 

Para viabilizar a construção, foi também necessária a remoção da escadaria de acesso àquele lado do palácio, seus adornos, inclusive das duas esculturas de leões que simbolizavam poder, pois interferiam fisicamente com as paredes da vala. Para tal, foi contratado um especialista, que com maestria executou o desmonte da escadaria, cujas partes, imediatamente após, foram cuidadosamente acondicionadas dentro do palácio a fim de preservá-las e permitir sua remontagem numa fase posterior.

Executadas as paredes diafragmas para contenção, e escavada a vala, o alto custo envolvido foi recompensado pelo total sucesso do projeto, não ocorrendo trincas no Palácio. O procedimento mereceu inclusive matérias nas revistas especializadas no assunto.

Concluída a concretagem da galeria e reaterrada a vala, o próximo passo seria a remontagem da escadaria e seus adornos a fim de que o Palácio readquirisse sua forma original. Entretanto, antes que essa fase fosse iniciada, o Governo Federal optou pela demolição do Palácio. 

Foi com grande frustração que os técnicos da Companhia do Metrô viram que todo o sacrifício tinha sido em vão, todo o cuidado e tecnologia empregados foram ignorados e na Praça Mahatma Gandhi, no local onde outrora se localizava o Palácio Monroe, foi colocado um chafariz. 

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