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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Minha experiência vivida no Antigo Mosteiro de Serra Clara


No dia 06 de Novembro de 2006, saí de casa(RJ) por volta das 14:30h, no meu carro,

sozinha, em direção ao Antigo Mosteiro de Serra Clara, em Delfim Moreira, Minas Gerais, para começar o projeto de reforma.

Segui viajem tranqüila pela Dutra. Cheguei na porta do mosteiro por volta das 17:30. O portão estava trancado com cadeado e NINGUÉM lá dentro, então esperei, esperei, esperei e resolvi dar umas voltas pela região, fui até a parte mais alta da estrada e fiquei um bom tempo fazendo reconhecimento do local, quando me dei conta já havia passado uma hora e meia, então voltei para o mosteiro, mas só que ainda não havia chegado ninguém, então fiquei esperando dentro do carro, ainda estava claro (horário de verão).

Os bancos traseiros estavam abaixados por causa da minha prancheta que levei, então tive a brilhante idéia de me deitar sobre ela. Então, entrei pelo porta-malas, encostei a porta, forrei a prancheta com meu edredom e deitei com meu travesseiro, ficou bem confortável realmente. Deixei uma brecha aberta de ambas as janelas e TRAVEI AS PORTAS (trava automática).

O tempo passou e ninguém chegou. Caiu à noite, estava muito escuro naquela noite. O mosteiro fica à 1.200 m de altitude, em estrada de barro, sem iluminação alguma. Eu só via as luzes dos vaga-lumes. Então comecei a me sentir receosa com o barulho da noite, foi aí então que resolvi ir até o bar da dona Áurea, porque lá iam passar com certeza, e lá tem luz, água,...

Então, abri a porta do porta-malas, calcei meus sapatos, SAÍ E BATI A PORTA DO PORTA MALAS, em frações de segundo, me dei conta que as PORTAS ESTAVAM TRAVADAS... Tentei abrir todas as portas, mas nada feito, todas trancadas. Fiquei sem chão, tudo meu estava dentro do carro, inclusive a chave, que estava na ignição. A escuridão estava muito forte, noite nublada. Então não pensei duas vezes, desci a pé pela estrada em direção do bar da dona Áurea. Desci 2 km na escuridão, numa estrada cheia de curvas, não enxergava absolutamente nada.

Neste momento muitas coisas se passaram em minha mente, ora pensamentos positivos, ora pensamentos de desespero, por "não chegar nunca" no bar da dona Áurea, não tinha nenhuma casa, nenhuma luzinha. Fui descendo na escuridão e minha principal preocupação era não torcer meu tornozelo, que já é torcido. A “luz” não chegava nunca, foram os 2 km mais longos de minha vida. Neste momento só pensava que precisava manter a calma, pois me desesperar só pioraria a minha situação.

Continuei minha descida, certa que acharia ajuda, na pior das hipóteses, pediria abrigo para dona Áurea.

Enfim, avistei um orelhão. OBA!! Pensei, mas ligar pra quem? Não sei o número de ninguém, só o do mosteiro, e lá não tem ninguém. Então, ouvi o orelhão tocar, um menino correu e atendeu, eu andei em direção do orelhão e ouvi o menino dizer:

- Espera aí SAMANTA, vou chamar minha mãe. Quando ouvi aquele nome, não acreditei, perguntei muito ansiosa: - é a SAMANTA do mosteiro? E o menino respondeu: - É!

Não acreditei, foi Deus quem mandou ela ligar naquele momento para me acalmar. Então falei com ela, ainda no calor da situação, e ela me acalmou dizendo que o Marcelo (marido dela) estaria chegando com um caminhão cheio de telhas, e que eu me acalmasse que o Marcelo abriria o carro pra mim. Ela conseguiu me acalmar um pouco, mas ainda estava muito preocupada.

O caminhão chegou (era enorme e estava cheio de telhas, detalhe, o caminhão ia entrar no mosteiro e meu carro estava na porta trancado com as chaves dentro). Neste momento começou a cair uma chuva fininha.

Depois de uns vinte minutos o Marcelo chegou de moto, subimos todos juntos, para a próxima missão, abrir o carro.

Chegamos lá, e todos tentaram abrir pela fresta que eu havia deixado aberta em ambas as janelas, sem sucesso, e a chuva estava apertando e o frio também (na hora que sai do carro, sai sem nenhum agasalho). Então o Marcelo entrou no mosteiro e trouxe o arpão e “pescou” a chave da ignição.

Dei um grito?: - OBRIGADA SENHOR!!!

Tudo resolvido, entrei com o carro e o caminhão também.

O que eu aprendi com esta situação?

É que na hora do desespero, é preciso manter a calma e pensar numa SOLUÇÃO!

Este momento de reflexão me fez perceber que posso muito mais que penso...

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