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segunda-feira, 28 de maio de 2012

A montanha e o rio.



Sinopse - A Montanha e o Rio - Da chen

No auge da Revolução Cultural chinesa, Ding Long, um jovem e poderoso general, gera dois filhos. Um deles, legítimo. O outro, nascido de uma jovem camponesa que se atira do alto de uma montanha pouco depois do parto. Tan cresce em Beijing, cercado de luxo, carinho e conforto, ao passo que Shento é criado nas montanhas por um velho curandeiro e sua esposa, até que a morte do casal o leva a um orfanato onde passa a viver sozinho, assustado e faminto. Separados pela distância e pelas condições de vida, Tan e Shento são dois estranhos, que crescem ignorando a existência um do outro. A montanha e o rio narra a saga desses dois irmãos que trilham caminhos distintos, mas cujas vidas se encontram quando se mesclam aos acontecimentos que marcam a história política e social da China no final do século XX. 

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O livro começa assim:

Shento - Capitulo 1

1960 - Balan, Sudoeste da China.


PARA CONTAR A HISTÓRIA  do meu nascimento, não vou começar pelo inicio, mas pelo fim do meu começo. Para falar a verdade, nasci duas vezes. A primeira foi quando rasguei a passagem escura das entranhas da minha mãe. A segunda foi quando o velho curandeiro da aldeia me salvou.
A jovem que me deu a luz pretendia acabar com tudo, não apenas com sua vida, mas também com a minha, no exato momento da minha chegada a este mundo. Tinha pressa em se atirar de um penhasco que ficava no topo do monte Balan, mas eu fui mais rápido que suas pernas inchadas e escapei de seu ventre bem no momento que avançara para beira daquele precipício fatídico. As pessoas da alfdeia tentariam imaginar o que teria levado a isso, transformando-se numa espécie de mito ao saltar do ponto mais alto da montanha comigo ainda ligado a ela pelo cordao da vida, o emanharado cordão umbilical.
Pulei para fora antes que ela se atirasse no abismo, nasci em pleno ar, pairando acima de tudo. Posso imagina-la lançando-se daquele penhasco escarpado como uma águia planando em direção ao solo, liberta de seu ninho, de suas amarras, de seus pecados, em seu lamento final, para ser esquecida pelo vento que fazia esvoaçar seu cabelo viçoso de moça, enquanto se arremessava precipicio abaixo.  Nós dois, anjos geminados e sem asas, caimos em queda livre. Mas o impensável aconteceu. A mão do destino interveio. Eu, o recém-nascido choroso, caindo no rastro de minha mãe pela encosta do penhasaco coberto de trepadeiras, fiquei subtamente agarrado aos galhos de  um arbusto de chá que crescia na entrada de uma gruta.
Em câmera lenta, num segundo que poderia ter durado uma vida inteira, rompeu-se o cordão umbilical. Apanhado por dois galhos felxíveis, soltei um grito assustador - minha ode ao vigoroso e resistente arbusto de chá. Minha mãe - o anjo de meu nascimento, de minha morte -  e eu nos sepaqramos em pleno ar, com o sangue jorrando por todos os lados, espingando nas folhas. Fiquei balançando, supenso nas alturas, preso nos galhos daquela planta abençoada. (...)

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